quantificar para tratar

Artigo: A importância de quantificar para tratar

26/03/2021   POR MIOTEC - CONECTANDO TECNOLOGIA AO MOVIMENTO HUMANO

Este artigo é uma carta aberta a todos os profissionais da saúde interessados em aliar tecnologia aos resultados de seus tratamentos. Com a máxima “quantificar para tratar”, temos um dos caminhos essenciais para traçarmos um tratamento adequado aos pacientes. Deixe sua opinião nos comentários, e compartilhe em suas redes sociais!

                                                                                                                          

Por Fabiano Ergoni, Diretor-Executivo da Miotec

 

Uma das formas de entender e resolver um problema tem como princípio “identificar” e “aprender”, para depois então “controlar” uma dada situação. Para tanto, temos que quantificar informações que nos permitam realizar esse processo.

Se vemos a chama de um fogão aceso, por exemplo, não saberíamos qual é a temperatura ideal se não possuíssemos uma forma de regular a intensidade do calor, correto? Como poderíamos preparar alimentos se não tivéssemos esse controle? Somamos a isto o fator “tempo” – o tempo em que o alimento poderia ficar suportando aquela temperatura – e temos uma equação fundamental para chegar ao benefício do alimento devidamente preparado.

Em outro exemplo, quando estamos em uma estrada, andando com nosso veículo, o que seria de nós se não tivéssemos um velocímetro (uma forma de “identificar” e “aprender”) que nos indica a que velocidade estamos? E os pedais, volante, cambio e marchas, para “controlar” o quanto ele acelera e freia, e para onde vai? É isso que nos dá o benefício da segurança de trafegar em uma velocidade correta, de acordo com os limites de velocidade da via.

Pois bem, assim como nos exemplos citados, quando pensamos em saúde, levamos esse mesmo raciocínio para o corpo humano.

Fisioterapia e quantificação

No caso da fisioterapia e no que tange aos movimentos do corpo, seria ideal que sempre pudéssemos medir algumas grandezas, como o ângulo de movimento das articulações, ou a força produzida em um determinado movimento, etc. Isto seria positivo para que pudéssemos buscar um devido “controle”, de forma a recuperar ou melhorar as capacitações. Isso se chama feedback (resposta) da ação.

Entretanto, todos nós somos geneticamente diferentes, com diferentes capacidades e, por isso, não existe uma regra tão exata assim. Ao contrário dos exemplos que foram dados, da temperatura e da velocidade, cujas regras serão sempre as mesmas.

O benefício de medir essas grandezas também garante a prevenção de se provocar alguma lesão - às vezes ainda pior do que aquela que talvez já exista - e também auxilia no raciocínio clínico que está sendo adotado para aquele indivíduo.

Quando sabemos o que estamos fazendo, fica mais fácil obter o controle e buscar uma melhora.

Assim, duas partes são beneficiadas com a quantificação das informações, quem avalia e quem é avaliado. Além disso, a sensação de saber exatamente o que está acontecendo para ambos se torna um ponto chave na busca do sucesso.

A pergunta é: dá pra seguir sem quantificar?

Na prática, a resposta seria sim, mas lembrem-se dos exemplos da temperatura e da velocidade. Dá pra cozinhar sem controlar a temperatura? Daria, mas poderia queimar a comida. Dá pra andar sem controlar a velocidade? Daria, mas você pode derrapar na curva.

Vamos para um exemplo prático: um paciente chega ao profissional de saúde e diz que fez uma cirurgia e precisa de reabilitação. O profissional tem um arsenal de ferramentas que pode utilizar, desde uma bola de borracha, até tiras de elástico das mais diversas intensidades.

Se não soubermos qual a contração máxima voluntária que aquele paciente é capaz de fazer naquele momento, de forma a selecionar uma carga com intensidade compatível, podemos estar prejudicando ao invés de auxiliar o paciente durante o tratamento. Para completar, essas informações de linha de tratamento, quando passadas ao paciente, dão credibilidade aos atendimentos, transmitindo a segurança de saber o que será executado.

Outro exemplo: um atleta que participar de uma competição de natação, e teremos 2 modalidades, 50 metros e 400 metros. É raro que exista um atleta ótimo nas duas, porque o disparo das fibras musculares de um atleta bom em curtas distâncias é diferente daquele do atleta de longas distâncias.

Antes de sair decidindo que treinos fornecer, não seria ideal descobrirmos quais predomínios de fibras musculares temos nesse indivíduo? Além disso, existe ainda outra grandeza importante, a atividade elétrica muscular, que podemos medir através da Eletromiografia, durante um determinado movimento. Com isso, conseguimos prescrever exercícios adequados para esse atleta, de forma que ele use com mais eficiência o potencial que ele já possui.

Há, ainda, um terceiro exemplo, esse ligado a tratamentos de fisioterapia, que nos lembra que, quando uma paciente busca um tratamento, muitas vezes ela busca na verdade bem-estar e autoestima.

Imagine uma pessoa que adora dançar, mas que começa a perder urina, e tem que deixar de praticar aquilo que ela tanto ama. Isto afeta não só o corpo, mas o equilíbrio psicológico da paciente. O resultado é que muitos tratamentos convencionais de fisioterapia não permitem que a paciente se sinta confiante. Visto que não conseguem medir sua evolução (nem o tratamento, e muito menos a paciente), às vezes a demora do tratamento pode até desestimular e levar esta paciente a desistir dos mesmos.

O que poderia ser feito? Bem, nesse caso, existe uma forma de medir o que está acontecendo durante os exercícios, que é o Biofeedback, uma técnica muito confundida com o Biofeedback Eletromiográfico. Dando uma explicação simples, um seria complemento do outro. Através da eletromiografia, seria possível fazer a prescrição correta do devido tratamento de Biofeedback a ser dado.

Aí fica a pergunta: posso tratar minhas pacientes somente através do Biofeedback? A resposta é sim, mas aí eu devolvo a pergunta: será que os exercícios de biofeedback prescritos para essa paciente são os adequados, sendo que não analisei o disparo de fibras através da eletromiografia antes?

Todas essas discussões a respeito dos tratamentos e das medições só nos fazem chegar a uma conclusão: aliada ao raciocínio clínico, a tecnologia nos permite atingir resultados mais rápidos e mais efetivos, trazendo segurança para o profissional e para o paciente, e valorizando ainda mais os tratamentos prestados pelo profissional de saúde.





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