Quando o fisioterapeuta se depara com um paciente e durante a avaliação tem que definir o tipo de tratamento que será utilizado com o mesmo, muitas vezes se faz uso da subjetividade mediante as informações passadas pela própria entrevista com o paciente para se dar o direcionamento para o tratamento.
A partir da necessidade de quantificar o que esta ocorrendo com a musculatura durante uma ação muscular, torna-se essencial o uso de ferramentas que auxiliem o profissional nesse processo.
Fizemos um guia para mostrar os passos que devem ser seguidos para se chegar a um resultado mais efetivo e assertivo no tratamento.
Etapa 1: Avaliação Eletromiográfica.
Nessa etapa, o terapeuta utiliza a eletromiografia de superfície para realizar a captação das contrações musculares e determinar quais são os tipos de fibras musculares que são predominantes no paciente. Através dos protocolos criados pelo profissional de saúde é indicado ao paciente os momentos em que as contrações musculares devem ser realizadas.
Através da analise das frequências de disparos das fibras musculares é possível determinar se são fásicas ou tônicas. Isso se torna fundamental para decidir qual será o protocolo de atendimento que será utilizado na próxima fase, onde se inicia o tratamento.
Sem a avaliação eletromiográfica, que é padrão ouro em avaliação muscular, fica praticamente impossível determinar que tipo de fibras estão predominantes em cada paciente e prescrever um tratamento de forma correta e efetiva. Ou seja, um tratamento que envolva fortalecimento ou relaxamento muscular para diferentes indivíduos pode ter diferentes protocolos de acordo com as fibras predominantes em cada um dos avaliados.
Além de saber quais os tipos de fibras musculares predominantes, também é possível analisar o tempo de resposta para recrutar a musculatura, assim como a capacidade máxima muscular e tempo que o paciente consegue manter a contração.
Etapa 2: Tratamento por Biofeedback Eletromiográfico.
Um dos principais problemas que o profissional da saúde encontra ao iniciar a terapia é a falta de consciência da própria musculatura por parte do paciente.
No inicio do tratamento, o profissional de saúde iniciará a introdução ao biofeedback eletromiográfico, com o objetivo de aumentar a propriocepção do paciente. Para isso, utilizará protocolos de fácil entendimento, livres ou contínuos com objetivos mais didáticos, onde o paciente irá:
- Desenvolver noção e entendimento da contração muscular;
- Entender o que é cinergismo muscular e a relação entre músculo agonista e antagonista;
- Desenvolver boa coordenação intra e intermuscular;
- Isolar as musculatura que não deve exercer ação sobre o movimento.
O Biofeedback faz com que o paciente ganhe consciência de como utilizar os músculos corretamente durante atividades funcionais, e com isso possa executar melhor os movimentos devido a maior consciência muscular.
Pode-se fazer uso de telas lúdicas, de forma a deixar terapia mais divertida.
Etapa 3: Reabilitação por Gameterapia.
Quando o profissional de saúde percebe que o paciente está tendo um bom desempenho (superior a 70% do que foi proposto) é possível aumentar ainda mais a dificuldade, entrando no mundo da “Reabilitação Virtual”, onde às ações dos jogos seguem os protocolos criados pelo profissional. Nessa fase do tratamento o paciente utilizará um grupamento muscular para executar as ações. Após a conclusão da sessão, gráficos que demonstram as contrações musculares irão ser apresentados, permitindo uma análise mais criteriosa das ações. A gameterapia, é o primeiro passo que permite ao paciente ficar motivado, e ter interesse em se manter em tratamento.
Através de um software de Biofeedback que permite a utilização de jogos, o paciente joga, marca seus pontos e se diverte.
Como principais características da Gameterapia, podemos citar:
- Profissional de saúde cria a estratégia do protocolo semelhante à fase anterior;
- Paciente não enxerga mais a linha do Biofeedback, ele vai ver o cenário do jogo;
- Interação, envolvimento e desempenho do jogo é de acordo com a contração muscular.
Etapa 4: Reabilitação por Realidade Virtual.
A Realidade Virtual (VR) coloca o paciente mais próximo da especificidade do dia-à-dia. O objetivo é colocar o paciente imerso em um cenário virtual em visão 3D ou com auxílio de câmeras de captura de imagem. Nessa fase do tratamento o objetivo é que o paciente não se sinta vinculado a protocolos, e sim se concentre em atividades aleatórias, que será o caminho para o “desmame” do tratamento clinico.
Com a Reabilitação Virtual se busca:
- Paciente não pode mais se preocupar com a propriocepção muscular;
- A contração deve ser realizada de forma automática (ação medular).
Etapa 5: Treinamento em casa.
Também é possível utilizar dispositivos que facilitam o treinamento em casa.