O perineômetro é um dispositivo usado na área da ginecologia e obstetrícia para medir a variação da pressão, em milímetros de mercúrio (mm Hg), dos músculos do assoalho pélvico.
Após o parto, a musculatura que constitui essa região costuma enfraquecer. O perineômetro, aliado a exercícios, pode auxiliar na recuperação da contratura, além de abordar também a questão do prolapso, incontinência urinária e ejaculação precoce em homens.
Quer saber mais sobre o perineômetro, como ele funciona e sobre o mecanismo de biofeedback de pressão perineal? Então acompanhe nosso artigo, vamos explicar melhor cada um deles!
Como funciona o perineômetro?
O primeiro perineômetro foi desenvolvido pelo ginecologista Arnold Kegel na década de 50. A primeira versão do equipamento era do tipo pneumático, formado por uma sonda vaginal inflável, conectada a um manômetro de pressão que informava ao paciente a intensidade da contração exercida pelos seus músculos.
Kegel criou o aparelho para verificar se um paciente em particular se beneficiaria ao fazer exercícios perineais. No momento da sua invenção, o dispositivo mediu a força muscular por meio da leitura da pressão do ar após as contrações pélvicas.
O equipamento foi sendo modernizado ao longo dos anos até chegar à sua versão atual, em que o leitor digital substitui o antigo manômetro de ponteiro, dando mais precisão ao diagnóstico.
O perineômetro permite que o aparelho seja ajustado de acordo com a sensibilidade e o esforço de cada paciente, inclusive para aquelas que possuem uma contração perineal muito fraca.
A medição é feita por meio de uma sonda vaginal de silicone, que é inflada e mantida imóvel no local. Antes de introduzi-la no corpo da paciente, a sonda deve ser coberta por um preservativo, assegurando a assepsia do material.
Utilização do perineômetro PelviAir Unit da Miotec
Existem outros tipos de biofeedback que são usados, como o biofeedback eletromiográfico, que é feito por meio de dois eletrodos, um no abdômen e um na área do períneo. Em seguida é realizada uma avaliação e pede-se à paciente que faça alguns exercícios de contração. Com esse processo, é possível inferir se a mulher está utilizando a musculatura do abdômen para realizar a contração ou apenas os músculos do assoalho pélvico.
Qual o benefício do perineômetro para os homens?
Os homens também podem se beneficiar com o uso de um perineômetro, especialmente aqueles que sofrem de problemas como a ejaculação precoce. Para esses pacientes o aparelho pode ajudar a treinar os músculos para atrasarem a ejaculação por meio da contração do assoalho pélvico. Os mesmos exercícios feitos por mulheres podem ser realizados por eles utilizando um perineômetro para acompanhar o progresso.
Outra utilização do perineômetro e dos exercícios de contração da musculatura perineal são para os homens que foram submetidos à cirurgia de prostatectomia radical, ou seja, a retirada total da próstata. A maioria dos pacientes prostatectomizados apresenta incontinência urinára após o procedimento.
O tratamento desses pacientes de baseia em fisioterapia para a reabilitação do assoalho pélvico. O treinamento dessa musculatura tem como objetivo recuperar a força e a contratura muscular da região, restabelecendo assim o fechamento da uretra.
A fisioterapia pode ser realizada por meio de alguns recursos fisioterapêuticos e inclui a realização de exercícios de assoalho pélvico, o biofeedback, a eletroestimulação dos músculos do assoalho pélvico ou uma combinação desses métodos.
Os exercícios de assoalho pélvico treinam o paciente a isolar e contrair corretamente o assoalho pélvico para aumentar a força e a resistência muscular, no intuito de aumentar o fechamento uretral durante os momentos de esforço.
Embora o aparelho fosse utilizado apenas nas clínicas, agora já é possível encontrá-lo para uso doméstico. Assim, é possível que o treinamento do assoalho pélvico seja feito na privacidade da casa dos pacientes. Esses modelos são mais acessíveis do que as versões anteriores do perineômetro de Kegel e são quase tão precisos quanto.
O que é o biofeedback de pressão perineal?
O biofeedback de pressão perineal consiste em uma avaliação da pressão realizada pelos músculos e pode ser tanto analógico com a observação da variação da pressão no ponteiro do manômetro, quanto digital com a apresentação da pressão em números ou gráficos. Esses dados são interpretados pelo médico ou fisioterapeuta pélvico e usados na elaboração de exercícios específicos para cada paciente.
Como funciona o biofeedback de pressão perineal?
O perineômetro realiza a medição e dá um retorno numérico de determinadas variáveis clínicas relacionadas ao funcionamento da musculatura do assoalho pélvico. A avaliação da região perineal por meio do biofeedback provou ser eficaz no que se refere ao acompanhamento progressivo das patologias que acometem a região.
Uma das principais características do exame de biofeedback é disponibilizar as informações de forma direta, por meio de sinais, gráficos ou, até mesmo, sons, despertando o paciente para suas capacidades fisiológicas por meio da retroalimentação. Seu objetivo é, portanto, transformar o esforço muscular em um evento compreensível e melhorar a coordenação e utilização da musculatura.
Quando é indicado o tratamento?
O tratamento com biofeedback de pressão perineal é solicitado pelo médico ginecologista e realizado com o profissional fisioterapeuta pélvico em pacientes com queixas uroginecológicas, como a incontinência urinária e o prolapso genital, que dá a sensação de peso ou de uma "bola" saindo da vagina.
Treinar os músculos do assoalho pélvico para certo nível de força traz vários benefícios. Além de reabilitar a vagina após o parto, o fortalecimento dos músculos pode ajudar a prevenir o prolapso genital ou retal, em que órgãos como o útero descolam-se para fora da anatomia normal. Os exercícios também podem ajudar as pacientes a superarem a incontinência urinária, pois os músculos do assoalho pélvico atuam no controle do movimento da bexiga.
A área da fisioterapia pélvica atualmente utiliza diversos dispositivos de biofeedback no tratamento da incontinência urinária e fecal, hiperatividade do músculo detrusor da bexiga, dissinergia vesico-esfincteriana e enurese. Pode ainda ser usado como complementar ao tratamento da dor pélvica crônica ou no tratamento das disfunções sexuais, como a dispareunia (dor durante a penetração).
Portanto, várias são as maneiras de avaliar e tratar as disfunções dos músculos do assoalho pélvico. As técnicas foram aperfeiçoadas desde Kegel para um melhor conforto, tanto do paciente como do terapeuta.
O perineômetro e a eletromiografia são técnicas importantes, por promoverem feedback sensorial a paciente. Já o ultrassom e a ressonância magnética também são métodos possíveis para avaliar dinamicamente o assoalho pélvico, porém são utilizados com menos frequência pelo alto custo de realização desses exames.
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