Não são raros os casos de mulheres com dificuldade em controlar os músculos do assoalho pélvico (MAPs) adequadamente. Para evitar problemas causados por essa deficiência, como a incontinência urinária, tratamentos com estimulação elétrica e biofeedback ganham cada vez mais espaço, e a sonda vaginal é uma aliada na obtenção de bons resultados.
As primeiras sondas surgiram nos anos 70, e com o decorrer das décadas evoluíram tecnologicamente, propiciando terapias mais eficazes e precisas do que as técnicas tradicionais. No decorrer deste artigo, vamos explicar o que é, para que serve e como funciona este dispositivo.
O que é a sonda vaginal?
É um suprimento que pode ser utilizado para captar os sinais de eletromiografia e de biofeedback ou para estimular a musculatura perineal. Com diferentes tamanhos e modelos, a sonda, também chamada de sonda uroginecológica ou eletrodo intra-cavitário, possui uma placa metálica em sua constituição, permitindo, uma vez introduzida no corpo da paciente, o contato com a musculatura. Dessa forma capta-se o sinal eletromiográfico ou o estímulo elétrico na região, dependendo do equipamento que é utilizado.
Ela é usada para dar suporte à educação do MAP, uma vez que fornece, tanto à paciente quanto ao profissional, informações precisas sobre o modo como os músculos estão trabalhando. As principais indicações da sonda vaginal são para os tratamentos de incontinência urinária, incontinência fecal e reeducação neuromuscular, mas ela é eficaz para controlar outras doenças que atingem o assoalho pélvico.
Como o dispositivo funciona?
O objetivo é ensinar às mulheres a forma correta de usar a musculatura do assoalho pélvico. Para isso, a sonda vaginal funciona como um complemento tanto para avaliações por meio da eletromiografia quanto para tratamentos com biofeedback ou eletroestimulação, e sua utilização vai variar de acordo com a técnica e o objetivo aplicados.
Na avaliação com eletromiografia
A sonda é conectada a um dispositivo de eletromiografia cuja taxa de amostragem mínima é de 1000 Hz. A atividade é medida em microvolts e permite identificar se a musculatura está ativa e se vai responder bem ao exercício proposto pela fisioterapia pélvica.
A avaliação identifica, por exemplo, se as fibras ativadas são as corretas, se a ativação é imediata ou atrasada e se o músculo volta ao lugar no momento do relaxamento. Com base nesses dados, é possível traçar metas e objetivos de tratamento, determinar a frequência da estimulação e, inclusive, definir terapias por biofeedback.
No tratamento com eletroestimulação
Neste caso, é utilizada corrente elétrica de baixa voltagem. A sonda é introduzida no corpo e dá pequenos choques no músculo do assoalho pélvico, fazendo com que ele se contraia independentemente da vontade da paciente. Assim, é possível avaliar se o movimento do músculo está correto.
Essa contração não atua diretamente no fortalecimento do músculo, mas fornece um estímulo proprioceptivo fundamental para a mulher que não sabe como contrair o MAP. Com isso, ela reconhece a localização do músculo, a forma como ele trabalha e sua relação com as demais funções do corpo.
Outro efeito é a redução da hiperatividade da bexiga, causada por um comportamento anormal do músculo detrusor. A eletroestimulação ajuda a controlar o movimento involuntário do músculo, evitando que a urina seja eliminada fora de hora.
Auxiliando o biofeedback
Como já sabemos, nem sempre a mulher sabe se está contraindo o assoalho pélvico, nem se está fazendo isso corretamente. A sonda vaginal aliada ao biofeedback faz com que a paciente perceba o movimento pélvico, permitindo que ela controle a musculatura, que passa a trabalhar de maneira apropriada.
Tanto na eletroestimulação quanto na coleta para o biofeedback pode ser utilizada a mesma sonda, a PelviFit, um ótimo exemplo de sonda versátil para diversos tratamentos do assoalho pélvico.
A PelviFit é uma sonda descartável e comercializada em pacote de 10 unidades.
A sonda é introduzida e, assim que o músculo do assoalho pélvico se contrai ao redor dele, a atividade elétrica é capturada pelo equipamento de eletromiografia e mostrada em um monitor. O resultado pode ser dado por meio de sinais sonoros, como bips, e/ou visuais, com gráficos que mostram à paciente a intensidade com que ela realiza a contração e quanto tempo o movimento dura.
Os dados são precisos, fornecendo a atividade elétrica do músculo (em microvolts), o tempo e o tipo de contração (crescente, decrescente ou constante) exatos. Assim, a mulher entende o que é uma contração e um relaxamento adequados e o que acontece com seu corpo quando esses dois movimentos são feitos adequadamente.
Com o biofeedback é possível perceber se uma musculatura é hiperativa, e a sonda vaginal, por sua vez, possibilita à mulher aprender a fazer esse músculo relaxar. Em suma, a técnica serve para determinar qual o tratamento adequado para cada situação, e a sonda é aliada da terapia em si.
Mas lembre-se de que o biofeedback não fortalece diretamente a musculatura. Para isso, são necessários exercícios com o auxílio e supervisão de um fisioterapeuta pélvico. Tanto o biofeedback quanto a eletroterapia ensinam como é a contração para as mulheres incapazes de contrair a MAP satisfatoriamente, mas não deixam o músculo mais forte.
Exercitando o assoalho pélvico
Com design anatômico, um novo modelo de sonda está chegando ao mercado: Trata-se da PelviFit Trainer. Em uma das extremidades há uma antena que deve ficar visível à paciente quando o aparelho for introduzido no canal vaginal. Com a sonda instalada, a mulher contrai a MAP fazendo com que antena mova-se para baixo. Se a antena subir, a contração está errada. Com essa sonda, o profissional pode prescrever exercícios para a paciente realizar em casa.
Esse modelo possui um variante para eletroestimulação. O funcionamento é semelhante: a antena fica visível, mas a contração ocorre por meio da estimulação elétrica. Com ele, é possível determinar se o movimento está correto ao mesmo tempo em que a mulher observa o deslocamento da antena.
Atuação da sonda nos problemas de incontinência
Estima-se que o risco de apresentar incontinência urinária durante a vida seja de 40%. Entre as possíveis causas do problema estão a atrofia dos músculos e dos tecidos e o declínio funcional dos sistemas nervoso e circulatório. Com a utilização dos estímulos elétricos, os circuitos neurológicos são ativados e as fibras musculares responsáveis por evitar a saída involuntária da urina atuam corretamente.
A maneira mais eficiente de realizar esse estímulo é por meio da sonda vaginal, de acordo com os especialistas Dominique Grosse e Jean Sengler, em seu livro Reeducação perineal. Segundo os autores, as respostas são melhores quando o suprimento é utilizado, pois ele fica mais próximo ao nervo pudendo, responsável pela sensibilidade do períneo.
A incontinência é um dos problemas mais comuns tratados desta forma, mas a mesma estimulação pode ser terapêutica para outros distúrbios, como dores pélvicas e disfunções sexuais (dor durante a relação, perda de desejo e de excitação).
Como você pode perceber, a sonda vaginal é uma grande aliada ao tratamento de doenças que afligem o assoalho pélvico. Altamente sensível à atividade do MAP, o aparelho permite à paciente treinar os músculos com eficiência, com maior controle sobre o movimento, o tipo de contração e sua duração.
Os resultados de terapias que utilizam a sonda são mais notáveis do que aqueles obtidos com a reeducação manual e, em consequência da precisão dos dados, os tratamentos tendem a ficar mais curtos e as avaliações do antes e do depois, mais exatas.
Entendeu mais sobre a sonda vaginal, seu funcionamento e utilidade à fisioterapia pélvica? Você também pode aprender mais a esse respeito acessando esta página sobre avaliação e tratamento por eletromiografia e biofeedback.
Se você gostou do conteúdo e quer receber mais informações sobre este e outros assuntos, assine nossa newsletter agora mesmo!