Veja como as fisioterapeutas pélvicas Alini Cardoso e Lisânia Saisu ajudaram a transformar o panorama da área em Londrina-PR, com a UROCORe. O que a coragem de empreender, a força das parcerias, a quebra de paradigmas e até um equipamento com doze anos de história têm a ver com isso? É o que você descobre nas próximas linhas!
Quem vê hoje a clínica UROCORe, em Londrina-PR, um complexo completo com profissionais de saúde e tratamento de ponta em fisioterapia pélvica – uma referência na região – não imagina como tudo começou, há doze anos. O que hoje é uma equipe clínica multidisciplinar e completa, iniciou-se com apenas um consultório, em 2009.
Foi nesta época que as fisioterapeutas Alini Cardoso e Lisânia Saisu, recém-saídas da especialização na área, decidiram unir forças não apenas para exercer a profissão, mas para oferecer um conjunto de tratamentos baseados no conhecimento, no uso de tecnologias de ponta e um atendimento humano e focado no paciente.
“Decidimos abrir um consultório que tivesse atendimento único, individualizado. Foi como se fôssemos as primeiras aqui em Londrina”, conta Alini. “A região aqui não tinha e estávamos sendo as pioneiras no assunto, no formato de atendimento. Ainda não tinha nenhuma clínica de atendimento especializado especificamente para disfunções ou prevenções de assoalho pélvico”, revela.
Àquela altura, o nome UROCORe ainda não era utilizado, mas as sementes do projeto já estavam lançadas: “Foi após uns cinco anos, em parceria com o médico urologista Paulo Emílio Fugante, que efetivamente adotamos o nome”, relembra.
“Decidimos que precisávamos aumentar a equipe e adicionamos mais urologistas, mais uma fisioterapeuta, nutricionista e psicóloga ao time. Nos últimos anos fomos acrescentando todo o necessário para nos tornarmos uma empresa realmente multidisciplinar”, ressalta Alini.
Do consultório à UROCORe: quebrando tabus para crescer
Começar um negócio não é fácil, e para Alini e Lisânia, isto significou descobrir que, para empreender na cidade paranaense, seria preciso ir além. Afinal de contas, nem todo assunto é fácil de lidar, e na fisioterapia pélvica, pela natureza do trabalho, muitos pacientes têm dificuldades em tratar abertamente de suas questões.
“Hoje nós duas atendemos todas as disfunções pélvicas, tratamentos e prevenções como as incontinências urinárias, as retenções urinárias, independentemente do porquê aconteceu”, conta Alini, explicando que a gama de atividades atendidas pelas profissionais estende-se também a questões como dificuldade para evacuar, perda de fezes, e dores na relação sexual como a disparania, o vaginismo e a vulvodinia.
Estes temas, um a um, são “tabus” que muitas vezes persistem e precisam ser aos poucos quebrados em cada comunidade, e junto aos próprios pacientes. “Há doze anos atrás, a fisioterapia ‘uroginecológica’ até então, era só saúde da mulher, e só depois virou fisioterapia pélvica”, relembra. “Não tinha quase ninguém que atendia isso, as pessoas que chegaram a começar a atender não foram para a frente, desistiram, até porque era uma questão de tabu”, diz Alini.
Tecnologia: um aspecto essencial
Neste processo de crescimento e desenvolvimento, as profissionais encontraram na tecnologia uma forte aliada para lidar com os medos e dificuldades dos pacientes, e ainda oferecer um trabalho de excelência profissional. “Antes mesmo de abrir o consultório compramos o aparelho da Miotec, o Miotool” dispara a fisioterapeuta, ressaltando o papel que o primeiro aparelho teve e ainda tem nas atividades da dupla.
“É um aparelho extremamente importante, porque ele tem a capacidade de perceber a falta de relaxamento do músculo. É onde a gente consegue trabalhar melhor”, avalia. “Nossa mão é indispensável, claro, mas não dá a percepção, a sensibilidade de entender esse relaxamento, muito menos de o paciente perceber se ele está relaxando ou não”, revela.
Como atuam com questões delicadas para os pacientes - como a dificuldade para esvaziar a bexiga, a ampola retal, para evacuar, ou mesmo dores na relação sexual – desde o primeiro dia de clínica as profissionais adotam a eletromiografia para lidar com a complexidade do atendimento que realizam. “Aprendemos a usar os aparelhos através de eletromiografia por eletrodos de superfície. É uma das ferramentas mais importantes para avaliarmos a estrutura muscular, no nosso caso do assoalho pélvico”, admite.
“Quando o paciente não sente nada, mas mesmo assim ele está fazendo (o movimento), o aparelho permite ao paciente visualizar isto, e ao mesmo tempo perceber aquele pequeno movimento que aconteceu ali embaixo. E ele já começa a associar o visual com o sensorial”, explica.
“É uma ferramenta indispensável, que proporciona um atendimento mais tranquilo, que não causa constrangimento, porque me possibilita fazer o uso de sensores de superfície”, revela Alini. “São todos eletrodos descartáveis, e os sensores acoplados a eles são limpos na frente do paciente”, explica.
Respostas positivas
Segundo as profissionais, outra ferramenta muito explorada nas sessões é o biofeedback, uma abordagem aprovada por pacientes de todas as idades, especialmente quando combinado aos jogos e técnicas de gameterapia. “Eles ficam extremamente contentes com isso e ao mesmo tempo conseguem me mostrar o que estão fazendo em casa. Eles mostram com o eletrodo e eu consigo visualizar se estão fazendo certo ou não, principalmente o relaxamento”, avalia.
“Outro dia uma paciente falou: ‘que legal, estou jogando Guitar Hero com meu assoalho pélvico’. Ela estava extremamente encantada”, revela.
A dupla de profissionais reconhece que um equipamento confiável sempre foi e ainda é um dos pontos essenciais para prestar um atendimento de alta qualidade. “A gente precisa estar sempre atento às novas tecnologias, tanto como recurso, que hoje é indispensável, como para a parte de avaliação, de ficha para pacientes, de feedback, acho que a nossa tecnologia precisa estar aliada ao nosso dia a dia.
Lembra daquele primeiro Miotool? Ele ainda está ativo e funcionando, doze anos depois, na sede da UROCORe. “Nós adquirimos esse equipamento para abrir o consultório há doze anos, temos ele até hoje, falo que ele é o meu fusca”, brinca. “Eu não me desfaço dele por nada. Até já pensei em repassar, mas tanto eu quanto a Lisânia falamos que ele é nosso xodó”.
Seu uso foi tão importante que, com os anos, as profissionais começaram a utilizar também os jogos de biofeedback, e mais duas unidades foram adquiridas, para garantir um atendimento dentro e fora da clínica. “Valeu todo o investimento, ainda vale e não troco esse tipo de investimento”, conta. “O custo benefício dele é excelente, e os pacientes sem dúvida nenhuma adoram esse tipo de recurso, que além de dar a possibilidade de não ser invasivo, permite ao paciente entender o que realmente do que está acontecendo dentro do corpo dele”, explica.
Hoje, as duas profissionais têm um atendimento que extrapola os limites da clínica - a principal referência quando o assunto é reabilitação após as cirurgias oncológicas. Alini e Lisânia atendem no Hospital do Câncer de londrina, fazendo o atendimento e a reabilitação dos pacientes que fizeram cirurgia do câncer de próstata e ginecológico. “Nós também levamos esse equipamento para fazer os atendimentos em pacientes masculinos, dentro do hospital”, explica.
Dicas empreendedoras
Quando avaliam sua trajetória, do consultório até a expansão e adoção do nome UROCORe, e nos anos posteriores, Alini e Lisânia reconhecem a importância do esforço e do foco em um trabalho de qualidade que possa ser revertido a quem realmente importa: o paciente. “Sucesso é você fazer as coisas de forma certa, sempre pensando no ser humano, em atender da melhor forma possível, e devolver a independência da pessoa, dar qualidade de vida para a paciente”, revela.
Na parte administrativa, o segredo foi sempre aprender mais e mais, em consultorias com o Sebrae – especialmente para aprender sobre todas as questões técnicas de uma empresa e sobre como ser visto pelo mercado e nas relações pessoais, inclusive com as mídias digitais. “Se não fosse a mídia social seria mais difícil para o paciente entender como buscar ajuda. A grande maioria sente que tem algo errado, mas muitas vezes não sabe nem quem procurar para poder ajudar a lidar com aquela dificuldade que a pessoa tem”, diz Alini.
“Aprendemos a como nos comunicar melhor, tanto para com o paciente, mas com os outros profissionais colegas, isso faz toda a diferença”, calcula. Para quem deseja entrar na área, a dica da dupla é estudar muito, conhecer as tecnologias, e adquirir um bom equipamento. “É algo que dá como diferencial na sua clínica, no seu atendimento”, avalia a sócia da UROCORe.
Além disso, é preciso aprender novos conhecimentos. “É extremamente importante a parte de saber gerir um negócio, uma clínica, custos, além da parte do marketing, seja pessoal, da clínica, do nome que você quer levar adiante”, ensina a profissional. “Fortaleça-se naquilo que você sabe fazer de melhor, e continue estudando porque isso não tem fim. Atualizar-se é algo imprescindível”, diz Alini. “E outra coisa é o respeito perante os outros colegas de profissão”, finaliza.